Cerca de 5 meses atrás recebi do Fabrício Fernandes, proprietário da Show Bikes, um dos dois quadros/garfos gravel que ele construiu como protótipos.
Semanas antes, conversamos várias vezes sobre outros assuntos e ele comentou sobre este projeto, detalhes de construção e também a geometria. Gostei bastante da proposta dele, e deixo aqui registrado que o cara tem uma ótima visão sobre o mercado brasileiro de bicicletas.
Foto: Fabrício Fernandes
Para o quadro que seria meu, após ver algumas imagens dos primeiros tubos posicionados no gabarito de soldagem, pedi um pequeno mimo: que rebaixasse o seatstay.
Foto: Fabrício Fernandes
Por fim, ele gostou da ideia e acabou deixando como padrão no quadro gravel e urbano.
// A Contrução
Embora com um visual simples, o frameset é elegante e “limpo”.
As soldas foram bastante elogiadas por todos que viram minha Show Grave montada. Os perfis dos tubos não possuem curvas mirabolantes e frescuras. Tudo é como deve ser: sóbrio.
A caixa de direção é semi-integrada 44mm. Uma dica: não economizem aqui, esqueçam que caixa de direção de esferas soltas existem. Escolham um kit com rolamentos e de boa marca. Vale muito a pena.
Todo o cabeamento desce pela parte de baixo do Downtube. Não há stopers, apenas guias para os conduítes. Gostei muito, cabos de aço ficam protegidos contra os elementos.
Movimento central é BSA 68mm e o OLD da traseira é para cubos 135mm. Isso significa que você pode montar a relação de marchas que quiser. Pedivela MTB é bem vindo também. Apenas certifique-se que o chainline estará correto. Utilizo coroas 48×34, mas o plano é baixar para 46×34.
Os dropouts traseiros e o suporte da pinça de freio dianteiro são cortados a laser e seguem o padrão IS de fixação de pinça. Ou seja, precisa de suportes/adaptadores.
O padrão adotado para o canote é 27.2mm e quem reclamou dizendo “Ainnn, prefiro 31.6 porque é melhor”, na verdade não sabe a besteira que está dizendo. Apenas respondia com um pequeno sorriso: ok.
// Minha Montagem
Utilizei os seguintes componentes na montagem da minha Show Gravel:
- Alavancas/Trocadores: MicroSHIFT Centos10 2×10
- Câmbio traseiro: microSHIFT R10 Wide Range (cage médio)
- Câmbio Dianteiro: microSHIFT R10 Braze-On
- Corrente: YABAN (YBN) S10
- Cassete 10v 11-36 (modelo em testes)
- Pedivela: Truvativ Elita 172.5mm com coroas 48×34
- Pedais: Shimano M530
- Guidão: PRO Compact 44cm
- Fita de Guidão: Fizik Microtex
- Mesa: FSA 100mm
- Caixa de direção: FSA semi-integrada 44/44mm rolamentada
- Canote: TSW 27.2mm (ruim pra caramba)
- Selim: Absolute (um lixo de selim, mas deu preguiça de trocar)
- Pneus: Continental SpeedRide 700×42
- Câmaras de Ar: Continental com bicos removíveis
- Rodas: (protótipo em teste)
- Pinças de Freios: Mecânicos otimizados para alavancas Road (em teste)
- Rotores: Genéricos 160mm
// Os testes
Gravel é cascalho, estrada de terra, chão batido, estrada rural… Cada um chama como quiser mas é tudo igual. E as gravel bikes são imbatíveis nesta situação.
Quando montei minha Show Gravel, já quis conhecê-la em um ambiente mais “single track”. Os primeiros rolês foram com os amigos do MTB. Subidas curtas e mais pesadas, descidas mais trabalhosas e etc. A Showzinha passou por tudo sem nenhum problema.
A bike é muito bem equilibrada, não senti a traseira torcendo em acelerações, não senti/vi o garfo dobrando em demasia pra trás nas frenagens mais fortes, e cada vez mais pude abusar liberando mais o freio e deixando ela bater em tudo que aparecia na minha frente.
Depois de várias semanas junto com o pessoal das MTB, decidi colocá-la apenas nas situações para as quais a Show Gravel foi pensada: estradões!
Ahhhhh.. Que maravilha! Basta botar força e ela pede mais e mais… Além de muito ágil fui descobrindo como é estável e responsiva. No planão de terra a bike te dará o que você quer. Quer velocidade, basta ter pernas, pois parece que ela não quer parar de acelerar. E parecia que ela ria de mim algumas vezes. Se ela pudesse falar, seria: Só isso? Mande mais!
Maledita miserávi! Zombava de mim.
Até neste momento, foram cerca de 886km rodados com a Show Gravel somados no Strava, não sei quanto pedalei sem ligar essa bosta. No fim, uma caixa de direção foi pro lixo, assim como uma corrente e rolamentos do freehub. Mas o quadro/garfo perfeitos como saídos da caixa.
// Reações
A Show Gravel tem uma aceleração ótima, não senti a traseira torcer e onde eu queria que a bike passasse ela direcionava com segurança. Não tem uma frente lenta ou muito arisca, é tudo muito bem equilibrado e seguro.
Lembro de ter passado por um único momento de susto em uma descida quando numa freiada mais forte na dianteira fez a traseira parar do meu lado. Foi um lindo drift numa curva de terra batida em descida onde os 3 segundos andando de lado pareceram 30 minutos. O vacilo parecia não ter fim!
Não foi culpa dela, foi minha. Mas naqueles infindáveis segundos de “recontrole” da bike, parecia que ela queria se endireitar sozinha e eu não deixava. Mais um ponto positivo para o ótimo equilíbrio da geometria.
No geral é confortável em qualquer situação. Sobe com facilidade, a frente alta te deixa em uma posição segura para descer segurando na parte baixa do guidão sem atrapalhar nos momentos de sprints, e encontro a posição ideal com a bundinha pra trás, não há nenhum problema em descer rápido e abusar em algumas curvas mais divertidas.
// Geometria da Show Gravel
A fábrica sugere estes tamanhos de quadros para a altura do ciclista:
P – De 1,64m até 1,72m de altura
M – De 1,73m até 1,81m de altura
G – De 1,82m até 1,90m de altura
// Finalizando
Fiquei extremamente satisfeito com este projeto. O Fabrício acertou em cheio na escolha dos ângulos e medidas para este quadro e garfo gravel da Show Bikes.
Já tenho um carinho especial pela minha Show Gravel, e tenho certeza que todos que apostarem na marca também terão bons sentimentos.
Site da Show Bikes: https://www.showbikes.com.br/
Obrigado por acompanharem a BikeUP!
Abraços e bóra pedalar! 🙂
Fabio S.