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Técnica // Ciclistas amadores não deveriam pedalar como Chris Froome

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Utilizar uma marcha relativamente leve, fará com que suas pernas se movimentem mais rapidamente e isso requer mais esforço. E “girar” rápido não quer dizer que a bicicleta também está indo rápido para frente. E os cientistas afirmam que você gasta mais energia pedalando desta forma.

“Se um ciclista recreativo tenta copiar a elevada cadência de um profissional em vez de girar utilizando marchas mais pesadas, desenvolverão uma baixa velocidade, e eles podem perder até 60% de sua energia,” diz o Dr. Federico Formenti, pesquisador senior do setor de fisiologia na Universidade de Oxford.

Ciclistas mais experientes tendem a poupar a sua energia instintivamente, escolhendo as engrenagens mais confortáveis. Mas alguns experimentos realizados por Formenti e seus colegas agora revelam o porquê.

Eles recrutaram dez voluntários e mediram seu consumo de oxigênio enquanto pedalavam em uma bicicleta de exercício (bicicleta ergométrica) para revelar a potência que eles colocavam na bicicleta ergométrica.

Ao mesmo tempo, os cientistas também fizeram um vídeo infravermelho 3D dos pilotos, para calcular quanta energia os voluntários estavam usando para mover suas pernas.

Em uma baixa intensidade de exercícios, cerca de 50W, eles descobriram que pedalar em uma marcha leve e em 110 rpm faziam o ciclista colocar mais de 60% de sua energia em partes móveis de seu próprio corpo, incluindo coxas, joelhos e pés, enquanto apenas 40%  de energia realmente foi para mover o pedivela.Era uma maneira maciçamente ineficiente de pedalar.

Em contraste, Chris Froome manteve uma cadência de 97rpm na subida até La Pierre Saint Martin no estágio 10 do Tour de France de 2015. Ele conseguia, no entanto, aplicar cerca de 390W através de seu pedivela com engrenagens 52/38.

Os fisiologistas sabem que a eficiência muscular se resume à velocidade com que os músculos podem se contrair. Se você escolher uma velocidade e cadência que permite que seus músculos trabalhem a um terço da sua velocidade máxima, você vai maximizar sua potência.

A prova da eficiência de pedalada da equipe de Formenti era na verdade parte de uma pesquisa mais significativa que poderia melhorar a forma como cientistas esportivos estimam o consumo de energia em bicicletas estacionárias.

Mas estes testes contam com um conjunto limitado de variáveis, e os valores são aplicados em uma equação para estimar o consumo de oxigênio (VO2), porque isso é uma indicação de quão bem o corpo está realizando a tarefa.

“Não é possível medir diretamente a quantidade de combustível que seu corpo usa em um exercício, mas o valor do consumo de oxigênio (VO2) é um bom indicador”, diz Formenti.

A equação convencional para fazer isso é do American College of Sports Medicine e inclui massa corporal e taxa de trabalho externo.

A equipe de Formenti executou seus experimentos e mostrou que, pela adição da cadência, eles agora podem melhorar sua precisão da equação para prever o quão bem um ciclista pedala quando ele está trabalhando um pouco abaixo do seu VO2 máximo.

“Concluímos que a cadência  é um determinante importante do VO2 humano durante o exercício na bicicleta e que deve ser considerado quando se quer prever o consumo de oxigênio,” diz o Dr. Formenti.

Em alguns aspectos, é mais um caso de ciência explicando o que os ciclistas têm aprendido com a experiência.

“Ciclistas e treinadores estão bem conscientes da importância da cadência no ciclismo”, diz o professor Louis Passfield da Universidade de Kent, que era cientista-chefe do Ciclismo Britânico, em preparação para o Barcelona, Atlanta e Jogos Olímpicos de Pequim.

“Ambos pilotos e técnicos passam algum tempo manipulando sua cadência, a fim de maximizar os seus efeitos no treinamento”, diz o professor Passfield.

Veja o video sobre os testes, com comentários (em inglês) do professor Passfield.

Um mistério ainda permanece a ser resolvido pela ciência, diz ele. “Os ciclistas na prática não optam por pedalar nas cadências que os cientistas encontram e dizem serem ideais, que economizam oxigênio. Em vez disso, optam por pedalar notavelmente mais rápido do que isso “, diz o professor Passfield.

Assim, são necessários mais estudos para descobrir por que os ciclistas preferem uma cadência um pouco mais alta do que os conhecimentos científicos atuais mostram, mesmo sendo mais eficiente na hora de economizar energia. Mas, uma coisa é certa: os profissionais não perdem velocidade pedalando em uma cadência mais alta.

via cyclingweekly.co.uk
tradução livre: Fabio S.

COMENTANDO (por Fabio S.)

Quando pedalamos morro ou montanha acima, em uma marcha um pouco mais pesada que a ideal, ou a que utilizaríamos no plano, por exemplo, já poderá ser um momento no qual pedalando estilo “martelada”, com cada uma das pernas dando uma apertada no pedal. É aquele momento em que os ombros começam a balançar, o corpo vai de um lado a outro, e a cabeça começa a “ciscar”.

Este momento mostra que já passamos a um bom tempo da marcha ideal para subir. Se o corpo está balançando e a cabeça ciscando, é porquê estamos procurando outras formas de mandar energia ou “apertar/empurrar” os pedais.

Subindo uma ou duas marchas, instantâneamente paramos de balançar, de ciscar. O corpo se estabiliza e as pernas trabalham mais livres.

Cada “martelada” quando usamos marchas mais pesadas, será uma pequena aceleração na bicicleta. A cada pedalada estamos acerando a bicicleta morro acima e ela volta a desacelerar até a próxima pedalada. E a cada “martelada” nos pedais, uma porcentagem da nossa reserva de energia vai embora.

Utilizando uma ou duas marchas mais leves e possibilitando que o corpo se estabilize e as pernas girem um pouco mais livres. Essas pequenas e contínuas acelerações se tornam mais suaves. Antes que a bike desacelere, já teremos iniciado outro giro de pedalada. E para cada um a dessas pedaladas, o esfoço que faremos será menor.

Não há uma receita de bolo para saber qual cadência é a ideal. É questão de você utilizar um sensor de cadência na sua bike e em uma mesma subida, sempre que passar por lá fazendo seu treino, experimentar qual cadência ajudará você a vencer a subida com o mínimo de esforço.

Experimente, brinque com as marchas, perceba o nível de esforço que você faz em cada uma das tentativas. Tenho certeza que você descobrirá uma nova forma de pedalar, uma nova forma de avançar morro acima. Vencerá o desafio mais confortávelmente e poupando sua preciosa energia.

Obrigado por acompanharem a Revista BikeUP!

Fabio S.

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